terça-feira, outubro 28, 2008

Dos livros e da imagem do filósofo


Três Livros

Na sala ‘Nietzsche’, com a belíssima música dos ‘Músicos do Tejo’, Nuno Nabais, professor de Filosofia (e livreiro há sete anos), falou das actividades da Fábrica Braço de Prata e reflectiu sobre algumas teses defendidas em três livros: Tristes Trópicos, de Lévi-Strauss, Sob Palavra. Instantâneos Filosóficos, de Jacques Derrida, e O Imperceptível Devir da Imanência - sobre a filosofia de Deleuze, de José Gil.
- Sobre o método antropológico de Lévi-Strauss, referiu a intenção estruturalista de classificar o conjunto da experiência humana segundo um modelo que lembra a construção de uma tabela periódica.
- Sobre a obra de Derrida, que consiste num conjunto de entrevistas sobre temas políticos e éticos, considerou tratar-se de uma boa introdução ao pensamento do filósofo francês e leu passagens sobre o conceito de mentira.
- Sobre a obra de José Gil, destacou o facto de se tratar de um conjunto de textos que reflectem sobre o problema da imanência em Deleuze. E, com clareza, referiu a oposição postulada por Deleuze entre "tradições da transcendência" (nas quais o sentido do mundo sensível releva de um plano transcendente) e "tradições da imanência" (que procuram encontrar no sensível os princípios da sua inteligibilidade).

A Imagem do Filósofo
A conversa sobre livros termina com Nuno Nabais a referir que a imagem do filósofo é substancialmente diferente na tradição anglo-saxónica e na tradição representada, por exemplo, por Deleuze. Na tradição americana e inglesa, defende, o filósofo é visto como um jornalista erudito que 'explica o real à opinião pública e legitima mudanças determinadas por decisões parlamentares'; na tradição de que faz parte Deleuze, pelo contrário, o filósofo é o pensador de vanguarda, alguém que 'rasga novos caminhos para a humanidade'.