domingo, março 28, 2010

Vamos lá a isto

i

"Um homem sério"


Pois é. O problema do filme dos irmãos Coen é que não há filme. Mas há boas ideias. O prólogo (?) sobre mortos que regressam e a história do homem que queria manter a seriedade têm em comum o facto de nos deixarem numa posição em que não temos muitos instrumentos para interpretar aquilo que vemos, aquilo que (nos) acontece. Todo o filme é como a história contada pelo primeiro Rabino (o mais velho, que reduz a teologia a um exercício sem finalidade), porque estamos à espera daquilo que não podemos ter: uma explicação, um fim que explique a desgraça de um homem. Por mais desgraças que aconteçam a Larry Gopnik (ou a nós), só temos a história absurda do Rabino. Mesmo se soubéssemos que Deus estava a brincar connosco, isso não alterava grande coisa.

sábado, março 27, 2010

Mudanças

Tive um professor que estava sempre a dizer que estudar é antinatural. Eu, como muito gente que conheço, penso que ir para a política a pensar no bem comum é, hoje, uma coisa antinatural. Certas coisas que vamos ouvindo, outras que vamos lendo, fazem crer que assim seja. Querer governar isto - Portugal - porque se tem uma ideia sobre justiça e equidade, e sobre o que fazer para que não nos tornemos mais pobres, parece-me muito estranho. Vem isto a propósito da eleição de Passos Coelho. Nunca tive grande simpatia pela pessoa e nunca percebi bem a novidade das suas ideias, sobretudo porque sempre que ouço a palavra "mudar" fico ainda mais pessimista. Parece-me uma palavra oca, sem sentido, daquelas que usamos para preencher vazios no discurso. Eu gostava mais de alguém que viesse corrigir, emendar, pensar a sério, e, sobretudo, realizar congressos com as mangas arregaçadas, para trabalhar e discutir mesmo. Só assim Passos Coelho mudará alguma coisa. Veremos.

sábado, março 20, 2010

Educação


No outro dia, estava eu a explicar a uma turma de 7.º ano a importância de saber escrever - e de perceber, por exemplo, a diferença entre "vende-se" e "vendesse" -, quando um dos alunos se lembra desta: «Estás a ouvir, Zé? Quando fores trabalhar para as obras, tens de escrever bem nas tabuletas...». Teve graça e fez-me pensar nas justificações que damos para educar alguém. É por esta razão - porque também é sobre essas justificações - que gostei do filme An Education.