A frase de Fernando Martins, que cito no post anterior, assim como a leitura de um dos comentários a esse texto, comentário que parecia supor que a relação entre moral e economia é uma coisa estranha, fizeram-me pensar sobre a relação entre as esferas da política (é hoje evidente a necessidade de colocar o económico na esfera do político, chame-se a isso 'regulação' ou outra coisa qualquer) e da moral. No fundo, pensei que a incoerência que encontro muitas vezes em certos discursos releva da falta de clareza com que é entendida esta relação. Assim, há pessoas que defendem a aprovação de certas leis com base no pressuposto de que a política e a moral são províncias desavindas, e que, portanto, a justiça da lei é proporcional à sua suposta neutralidade. Noutras ocasiões, as mesmas pessoas vociferam e insurgem-se contra a aprovação de certos diplomas com base na ideia de que há valores morais/éticos fundamentais que estão a ser violados. Talvez isto se explique pelo facto de palavras como 'ética' ou 'moral' se terem transformado em 'cascas vazias' que, de vez em quando, vale a pena usar. É uma hipótese.
Há 3 anos