Esta noite, no programa Quadratura do Círculo, discutiu-se o problema das faltas dos deputados. Depois de Pacheco Pereira ter proferido palavras pouco simpáticas sobre as qualidades políticas das pessoas que estão na Assembleia da República - a "qualidade política" releva, em seu entender, do sentido de dedicação ao serviço público -, Lobo Xavier sublinhou a pouca importância que o Parlamento tem hoje, não apenas em Portugal, e opinou sobre a transformação dos deputados em funcionários públicos. Referindo-se ao tempo em que era deputado e líder de bancada, considerou que, desde então, foi imposto um sistema de controlo muito rígido. A adopção deste sistema, sugeriu Lobo Xavier, supõe a dúvida sobre a palavra dos deputados - uma dúvida acerca da sua "seriedade". Sobre isto, penso duas coisas: o raciocínio de Lobo Xavier está, em certa medida, certo (i.e., este raciocínio está certo ao supor que a sociedade se deve reger pelo princípio de que, até prova em contrário, as pessoas são sérias); deste raciocínio, não se segue, porém, a conclusão, ou seja, a ideia de que a palavra (dita a quem?) basta. Saber o que se faz no Parlamento é um direito de quem tem o dever de votar, e dispor de meios para poder saber o que por lá se faz não implica a acusação de falta de seriedade.
Há 3 anos