terça-feira, janeiro 20, 2009

Café sem princípio


Café sem princípio. Ouvi esta expressão há dias. Expressão belíssima para o meu ouvido, incomparável a "café sem a primeira pinga". Belíssima - diria mesmo: poética -, porque perturba a segurança que caracteriza, na maioria dos casos, a nossa interpretação do mundo e das palavras que o descrevem; expressão em que a possibilidade de distinguir entre "sentido literal" e "sentido figurado" vacila (Eduardo Prado Coelho, numa obra de 1979 - anterior, portanto, à fase dos títulos que incluíam a palavra "azul"... -, falava da "letra litoral"). Afinal, o homem da rua, para recorrer a uma expressão cara a certos filósofos, pode tornar-se poeta.