segunda-feira, março 09, 2009

O amor é uma ideia insensata


O filme mais recente de Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona, parte da noção de que existem formas diferentes de entender o amor, mas fá-lo de modo a reflectir sobre aquilo que há de comum nessas formas de pensar o amor, ou de tentar enquadrá-lo racionalmente no plano das nossas vidas. Na verdade, a história de duas americanas - Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) - em Barcelona mostra que aquilo que existe de comum nas concepções sobre o amor é o facto de serem concepções idealistas no sentido filosófico do termo (e concepções que, quase sempre, a vida se encarrega de refutar). Nesta medida, o filme parece sugerir que a ideia mais coerente ou sensata sobre o amor é, afinal (ou sempre), a romântica, segundo a qual o mundo será sempre um lugar pequeno para albergar o nosso sentimento, ou para responder a tudo o que o "eu" é capaz de conceber. Mesmo para Cristina, que abomina as convenções, o amor significa 'algo que falta'. É o nome de uma 'insatisfação crónica', nas palavras da Maria Elena (interpretada por Penélope Cruz).