segunda-feira, setembro 28, 2009

Interpretações

As noites eleitorais são uma ocasião excelente para assistirmos a um exercício espantoso: certas pessoas conseguem falar das derrotas como se fossem uma coisa muito boa. Às tantas, uma pessoa fica com dúvidas, esfrega os olhos e pergunta: mas estas pessoas estão a ver o mesmo que nós?
Ontem, a interpretação verdadeiramente fabulosa coube – é preciso sermos justos – ao PCP. Sim, tiveram mais votos, mas são hoje a quinta força política, atrás do BE, que teve um resultado muito bom, apesar não ter sido o que previam algumas sondagens. É sabido que os partidos estipulam objectivos, e que é com base nesses objectivos que avaliam os sufrágios – mas o resultado de um partido não pode ser avaliado em termos absolutos, tendo apenas em conta o número de votos desse partido em eleições anteriores. Para mim, a interpretação menos delirante foi a de Paulo Portas, que tinha várias razões para estar feliz.
O PSD? O PSD também ganhou, é verdade. Ganhou 'legitimidade para ser oposição' (Pacheco Pereira dixit). Bom, esperemos para ver até onde vai o martírio de Manuela Ferreira Leite. Como dizia o director do DN, se o PSD tiver uma vitória importante nas autárquicas, confirma-se que as coisas só correm mal quando é a líder que está a ser avaliada.
Sobre o PS, Manuel Alegre disse tudo: é preciso ter «talento» para gerir a nova situação. Vamos ver se José Sócrates & Companhia têm esse talento.