domingo, março 28, 2010

"Um homem sério"


Pois é. O problema do filme dos irmãos Coen é que não há filme. Mas há boas ideias. O prólogo (?) sobre mortos que regressam e a história do homem que queria manter a seriedade têm em comum o facto de nos deixarem numa posição em que não temos muitos instrumentos para interpretar aquilo que vemos, aquilo que (nos) acontece. Todo o filme é como a história contada pelo primeiro Rabino (o mais velho, que reduz a teologia a um exercício sem finalidade), porque estamos à espera daquilo que não podemos ter: uma explicação, um fim que explique a desgraça de um homem. Por mais desgraças que aconteçam a Larry Gopnik (ou a nós), só temos a história absurda do Rabino. Mesmo se soubéssemos que Deus estava a brincar connosco, isso não alterava grande coisa.