Na série House surgiu no outro dia o caso de um homem excessivamente simpático. Ter simpatia a mais era um sintoma, a prova de que alguma coisa não estava bem. Não me lembro dos pormenores do diagnóstico mas sei que House conseguia demonstrar que o cérebro do paciente tinha sofrido alterações que justificavam uma personalidade demasiado amável. Os assistentes tentaram provar, usando o mesmo argumento, que a amargura de House também se devia a uma doença, e teve muita graça o modo como o médico tentou enganá-los. O episódio, mais uma vez, deu razão às ideias de House e ao seu cinismo, sempre evidente na luta contra a pieguice, contra a fé (que House definiria como um sintoma da infinita estupidez humana) e contra a crença na 'bondade intrínseca' do ser humano. No meio disto, há duas coisas que contribuem para a genialidade de House (o médico e a série), porque complicam um pouco a análise da personagem: a amizade com Wilson e as dúvidas sobre o sentido da vida (não estou certa de que, para House, a resolução de um caso não seja mais do que um jogo).
Há 3 anos