As expressões deliciosas que dão título a este post foram ditas no programa Eixo do Mal, no momento de uma discussão que hoje foi particularmente acesa (noutras emissões, o recurso a um tom mais entusiasmado fica quase sempre a cargo de Daniel Oliveira). Clara Ferreira Alves e Daniel Oliveira defenderam, contra Pedro Marques Lopes, a leitura política do "caso Dias Loureiro", o caso que durante esta semana deu azo a coisa nunca vista: o embaraço de Cavaco Silva devido a questões que pode(ria)m comprometer a sua "seriedade", algo que nenhum dos comentadores do programa questionou (de certo modo, o atributo da "seriedade" parece estar para Cavaco Silva como o da "coerência" esteve para Álvaro Cunhal). A discussão fez-me reflectir sobre duas coisas: (1) o conceito de "leitura política"; (2) as vantagens de discussões como esta. No momento em que escrevo, uma possível relação entre estes dois pontos leva-me à conclusão de que o lado mais positivo no caso de polícia em que consiste o caso BPN é o facto de, pelo menos, suscitar debates que lembram a existência de um laço essencial entre política e ética, por outras palavras, debates que lembram que o sistema não funciona quando esse laço é quebrado. O lado negativo, claro está, é que o caso pode vir a ser uma prova de que a noção de política como serviço público, como actividade que implica dedicação à res publica, está, para recorrer a uma expressão também nossa, "pelas ruas da amargura".
Há 3 anos