segunda-feira, dezembro 29, 2008

Belo e muito triste - "O Conto dos Crisântemos Tardios"



Este filme de Kenji Mizoguchi, de 1939, é a adaptação de uma história de Shofu Muramatsu e começa com a ideia de que o amor supõe, acima de tudo, a verdade. Se a adulação exclui a sinceridade, o amor entre Kikunosuke Onoue (o actor que só é apreciado devido ao nome de família) e a ama Otoku nasce, pelo contrário, sob o signo de uma apreciação verdadeira. Neste sentido, é notável o modo como Mizoguchi filma a felicidade de Kikunosuke ao perceber que existe quem consiga avaliar, de modo justo, o seu desempenho no teatro kabuki, e a intimidade que assim surge entre o actor e Otoku (refiro-me à cena em que as duas personagens comem juntas fatias de melancia). Esta intimidade é o início de uma relação que a tradição (o 'rumor') não permitirá. Por este motivo, ao mesmo tempo que procura tornar-se um grande actor, Kikunosuke irá rejeitar outros papéis que a sociedade lhe atribui.