«Finalmente, a actidade de pensar - que, fiéis à tradição pré-moderna e moderna, omitimos da nossa reconsideração da vita activa - ainda é possível, e sem dúvida ocorre, onde quer que os homens vivam em condições de liberdade política. Infelizmente, e ao contrário do que geralmente se supõe quanto à proverbial torre de marfim dos pensadores, nenhuma outra capacidade humana é tão vulnerável; de facto, numa tirania, é muito mais fácil agil do que pensar. Como experiência vivida, sempre se supôs, talvez erradamente, que a actividade de pensar fosse privilégio de poucos. Talvez não seja presunçoso de mais acreditar que estes poucos são ainda mais reduzidos no nosso tempo - o que pode ser irrelevante, ou de relevância limitada, para o homem do futuro, mas não é irrelevante para o futuro do homem.».
Hannah Arendt. A condição humana. Lisboa, Editorial Relógio d'Água, 2001, p. 395. Tradução de Roberto Raposo. (The Human Condition, 1958)