terça-feira, março 10, 2009

Contextualizando...


Na capa da Ler deste mês (edição n.º 78), vem destacada uma frase da entrevista a António Barreto. A frase é «O 'Magalhães' é o maior assassino da leitura em Portugal». No editorial que assina, Francisco José Viegas volta a citar a frase e insiste na "ideologia do Magalhães". Com esta apresentação, começa-se a ler a entrevista à espera de encontrar um ataque à distribuição de computadores levada a cabo pelo governo. Mas não é bem disso - ou só disso - que se trata. E a ênfase posta naquela passagem da entrevista pode afastar-nos da ideia que António Barreto apresenta ao longo de várias respostas em que fala sobre a leitura e os livros. Na verdade, a questão é mais geral e prende-se antes com a relação entre informática e leitura; o que António Barreto sugere momentos antes de se referir ao 'Magalhães' é que a Internet e as novas tecnologias que lhe estão associadas constituem uma «ameaça» à leitura, e isto porque a leitura exige «tempo», «tempo de meditação», algo que, supostamente, só o contacto com os livros garante.