(a qualidade desta gravação não é a melhor...)
2) O diálogo
Afinal, qual é a essência da vida? A vida é trágica ou cómica? O que se segue é o final do filme Melinda and Melinda.
[quatro pessoas conversam]
- Quem conta uma história acrescenta sempre algo. Ouvimos a história, escolhemos pormenores. Assim, moldamos a história e tornamo-la uma tragédia - como a queda de uma mulher apaixonada. E é assim que tu vês a vida. Enquanto tu pegas nos pormenores e coloca-los numa comédia romântica. Óptimo. É a tua visão da vida. Mas é óbvio que não há uma essência definitiva que se possa eleger.
- Bom, existem momentos de humor. Eu gosto de explorá-los. Mas eles existem dentro de um contexto de tragédia.
- Vocês vão todos ao funeral do Phil Dorfman na semana que vem? Ele teve um ataque cardíaco. Tinha acabado de receber o electrocardiograma, que estava bem.
- Eu detesto funerais.
- Eu também. Rio-me sempre nos momentos errados.
- Aí está. Rimo-nos porque isso disfarça o nosso verdadeiro terror à mortalidade.
- Bom, eu não queria que começássemos a falar sobre funerais.
- Como é que o mundo pode ter alguma piada se nem podemos confiar num electrocardiograma?
- Eu quero ser cremado.
- Agora ou depois de morreres?
- Vamos mudar de assunto. Viemos até aqui para nos divertirmos.
- Vamos brindar aos bons momentos. Trágicos ou cómicos, a coisa mais importante a fazer é gozarmos a vida enquanto podemos porque só passamos por cá uma vez, e quando acabar, acabou. E, com um electrocardigrama ou não, quando menos esperamos, tudo pode acabar assim. [estala os dedos e acaba o filme]