«Um dos poucos divertimentos intellectuaes que ainda restam ao que ainda resta de intellectual na humanidade é a leitura de romances policiaes. Entre o numero aureo e reduzido das horas felizes que a Vida deixa que eu passe, conto por do melhor ano aquellas em que a leitura de Conan Doyle ou de Arthur Mo[r]rison me pega na consciência ao collo.
Um volume de um d'estes autores, um cigarro de 45 ao pacote, a ideia de uma chavena de café - trindade cujo ser-uma é o conjugar a felicidade para mim - resume-se n'isto a minha felicidade. Será pouco para tanto, é verdade. É que não pode aspirar a muito mais uma creatura com sentimentos intellectuaes e estheticos no meio europeu actual.»
(Fernando Pessoa, BNP/E3, 20-49,
cf. Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 1966, pp. 62-63)
Citado por Ana Maria Freitas no artigo "Pessoa escritor de policiais", incluído no volume Fernando Pessoa: O Guardador de Papéis (Lisboa: Texto Editora, Junho de 2009). O volume organizado por Jerónimo Pizarro reúne os textos de oito comunicações proferidas num ciclo de conferências que decorreu em 2008 na Casa Fernando Pessoa, no âmbito das celebrações dos 120 anos dos nascimento de Fernando Pessoa.